O mito do desejo

Alguns mitos relativos às diferenças entre os gêneros conseguiram ficar imunes aos avanços e conquistas recentes da nossa sociedade. Um dos mais populares é que o desejo sexual nas mulheres é menor que nos homens.

Essa crença tem uma raiz cultural forte e existe há muitos séculos. Mas, como se não fosse suficiente, tem também respaldo científico. É isso mesmo: diversos estudos sobre a sexualidade nos seres humanos, realizados em universidades prestigiadas de todo o mundo, apontam para a mesma direção. Como é possível?

Sob um determinado ponto de vista, não chega a ser surpreendente: mesmo no contexto de uma pesquisa, os seres humanos não conseguem evitar a influência do seu ambiente, cultura e o que eles acreditam que a sociedade espera deles.

Quando perguntados sobre sexo, é comum que os homens, com o objetivo de afirmar sua virilidade, não escondam, ou até mesmo exagerem, alguns detalhes. As mulheres, ao contrário, diante do temor inconsciente de serem julgadas ou estigmatizadas, provavelmente se expressarão de uma forma, no mínimo, mais discreta. E essas respostas parciais, vagas ou não totalmente sinceras, podem alterar significativamente os resultados de qualquer pesquisa.

Embora a ciência tenha contribuído para afirmar ainda mais esse mito, poderíamos fazer uso dela para provar exatamente o contrário. Nossos processos biológicos e hormonais nos proporcionam diferentes argumentos. Por exemplo, foi comprovado que, apesar de os homens terem maior quantidade de testosterona (o hormônio associado ao desejo sexual), as mulheres são muito mais sensíveis ao seu efeito.

Assim, podemos concluir que nem a ciência nem a cultura tem uma resposta definitiva no que diz respeito à nossa sexualidade. Ela depende de vários aspectos da vida, da história pessoal e das singularidades de cada um de nós, muito além do gênero ao qual pertencemos.

Você acha que é possível desconstruir mitos tão arraigados como esse? De que forma?