A difícil arte de paquerar por aplicativo

Teve uma época em que usar internet para paquerar era considerado por uns coisa de derrotado, algo que estaria reservado só para as pessoas sem traquejo social. Mas com o boom de aplicativos de paquera, essa percepção foi mudando (ainda bem!), e transformando a internet em apenas mais um ambiente para conhecer novas pessoas.

Com o advento do Tinder e afins, ficou até mais fácil paquerar... mas também ficou mais difícil. Porque não existe raça mais complicada do que essa dos Don Juans digitais.

Vou contar para vocês o que me irrita nesses apps. Senta, que a listinha não é pequena.

- O perfil que não condiz com a realidade:  claro que todos nós expomos o melhor de nós mesmos nas redes sociais e em uma rede específica para atrair pessoas não seria diferente. Mas tem gente que exagera. Fotos de muitos anos atrás soam quase como propaganda enganosa. Afinal, a gente muda tanto em um ano, imagine em cinco ou dez. Fotos cheias de filtros e efeitos, que disfarçam a realidade, também nos frustram demais. E quando o rapaz só posta foto com óculos escuros? Sempre me dá a sensação de que tem algo para esconder, se eu não posso nem ver os seus olhos.

- O mais do mesmo: comecei a perceber que vem acontecendo uma padronização nos perfis do Tinder. Todo moço tem foto esquiando, foto na praia, foto na balada segurando uma long neck, foto na frente da Torre Eiffel, foto abraçando aqueles leões que ficam dopados pros turistas na Argentina. Será que estavam todos na mesma excursão? Eu quero ver algo que o diferencie! E comece a contar quantas tatuagens tribais/abstratas que começam no ombro e fecham antes do cotovelo você vê! Devia estar em promoção esse tipo de desenho no salão do tatuador, só pode.

- Mentiras e mais mentiras: Tem gente que mente o nome, a idade, a profissão, o bairro, o estado civil... Assim fica difícil. Mas, para mim, a pior mentira é aquela da intenção da pessoa. Muitos caras sabem que mulheres podem estar mais à procura de um relacionamento sério do que de algo casual e acabam mentindo para conseguir o que querem. Tipo, ele quer só um sexo sem compromisso, mas entra na conversa com um "procuro o amor da minha vida". Acredite, tem muitos usando essas táticas por aí. Eu acho tão baixo você ter que usar uma mentira para conseguir algo que quer, sendo que tem muita mulher procurando, sim, apenas o sexo casual.

- A falta de informações: não precisa passar o número do CPF, mas um mínimo de informação seria bem vindo! Tem homem que posta a foto do cavanhaque... e mais nada! Como vou saber se me interesso por aquela pessoa que carrega o cavanhaque? Ou foto só de costas ou uma foto apenas com mais um monte de amigos? Isso é sinal de uma coisa: tem algo a esconder. E nesse caso, tô fora! Aperto o X mesmo.

- Os burrinhos ou que te acham burrinha: você entra no perfil e lá está, foto com mulher do lado. Pode saber, é esposa ou namorada. Dificilmente vai ser a irmã. Já cheguei a ver (e não foi apenas uma vez) até foto do fofo em pleno altar! E o incauto ainda vem insistir que é solteiro. Eu sempre enxergo isso como uma demonstração de que ele subestima a minha inteligência.

Para concluir, confesso que estou bem desanimada com a paquera virtual. Ela se tornou algo muito complexo, quando deveria ser um meio mais simples e fácil, sem a timidez de um contato na vida real.

Mesmo quando você consegue um match com um cara que parece bacana e que superou todos os obstáculos que citei, a conversa não passa muito de um "oi, tudo bem?". Os mocinhos fazem par contigo no aplicativo, mas não puxam assunto e nem dão seguimento quando você inicia o papo. Se não queria conversar, por que curtiu?

Só sei que estou bem cansadinha mesmo. Mas ainda na batalha, né, porque a última que morre é a esperança de encontrar aquele match que me faça deletar o aplicativo de vez.

Carol Maglio é a blogueira conhecida como Pãozim De Queijo, além de produtora audiovisual, apresentadora de TV, modelo plus size e especialista em mídias sociais.
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